(27/12/2024) HGG é destaque na Rede Estadual de Saúde de Goiás por quantidade de serviços odontológicos oferecidos
Dentistas atuam em todas as áreas assistenciais da unidade; Atendimento ofertado a pacientes especiais também chama atenção
Com 15 cirurgiões dentistas, o Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG possui a maior equipe de odontologia hospitalar do Estado de Goiás. Este quantitativo de profissionais permite o atendimento a todos os setores assistenciais da unidade (Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Núcleo de Atenção ao Paciente Paliativo, Unidade de Transplantes, Centro de Terapia Intensiva e Centro Cirúrgico). Além disso, o HGG se destaca pelo Serviço Odontológico para Pacientes Especiais (SOPE), especialidade que tem por objetivo, o diagnóstico, a preservação, o tratamento e o controle dos problemas de saúde bucal dos pacientes que apresentem uma complexidade no seu sistema biológico e/ou psicológico e/ou social.
A coordenadora do Serviço de Odontologia do HGG, a cirurgiã dentista Camila de Freitas explica que o serviço é voltado a pacientes que não conseguem atendimento em consultórios convencionais em virtude de suas condições neurológicas. “Qualquer paciente que tenha alguma sequela ou comprometimento neurológico que dificulte o atendimento odontológico em consultório convencional, pode ser atendido no HGG. Aqui nós internamos esse paciente, eles vão para o Centro Cirúrgico, onde são submetidos à anestesia geral. São feitos tratamentos como restauração, tratamento periodontal, canal e extração dentária”, explicou.
Camila de Freitas reforça que o serviço é motivo de grande alívio, não só para o paciente, mas também para família. “No SOPE, temos pacientes que tem dificuldades de fala e que sofrem com dores nos dentes há muito tempo. Por não conseguirem se expressar e pelas dores de dente, se tornam agressivos, chegando até a ferir familiares. Depois que eles vão de alta, nós orientamos a família sobre como cuidar dos dentes destes pacientes em casa”, disse.
A dona de casa, Dilma Pereira da Silva acompanha o filho, Diozefy Faustino Pereira de Paiva, de 35 anos, nos tratamentos que ele realiza no hospital. Diozefy é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e possui atrofia cerebral. A mãe conta que o filho chegou ao HGG cinco anos atrás, para realizar acompanhamento neurológico. “Nós somos de Edeia e viemos para cá, inicialmente, para tratar com os médicos da neuro. Depois, o Diozefy começou o tratamento com os dentistas e tem sido muito bom. Não conheço nenhum outro lugar que tem condições de tratar o meu filho, justamente porque ele fica muito agitado e os dentistas de fora do HGG não aceitam e não sabem lidar com esse comportamento. Já é o terceiro procedimento odontológico que ele faz aqui e tem feito muito bem pra ele”, afirmou.
Serviços Odontológicos no CTI e NAPPAlém dos procedimentos cirúrgicos para pacientes especiais, o HGG também oferta um acompanhamento odontológico diário a todos os pacientes internados na unidade. No Centro de Terapia Intensiva (CTI) e no Núcleo de Atenção ao Paciente Paliativo (NAPP), os dentistas passam, de leito em leito, avaliando a qualidade da higiene oral dos pacientes. A coordenadora do Serviço de Odontologia do HGG, Camila de Freitas explica que este acompanhamento evita lesões, infecções e até o contágio por doenças. “Estudos mostram que se a boca não está nas condições ideais, aumenta o risco de contrair uma pneumonia, ou por broncoaspiração, ou por via hematológica. Nessas avaliações diárias, nós verificamos se o paciente está começando a desenvolver uma lesão por dispositivo. O tubo às vezes pesa ali na boca e abre uma ferida. Então, se eles tiverem começando a desenvolver essa lesão, a gente faz laser para cicatrizar e não abrir uma ferida, que é uma porta para infecções”, disse.
Os cuidados com a boca dos pacientes do CTI e NAPP têm sido alvos de investimento por parte do hospital. Nos últimos meses, o HGG passou a realizar a aplicação da toxina botulínica, um procedimento inédito na unidade do Governo de Goiás. A toxina é uma substância que controla os sintomas da sialorreia, condição caracterizada por uma produção abundante de saliva.
Camila explica que os sintomas de sialorreia são prevalentes em pacientes acamados, com doenças neurodegenerativas ou com sequelas neurológicas graves. Ela diz ainda que o uso da toxina minimiza o risco de broncoaspiração e infecções respiratórias.
“Os resultados apresentados por esse tipo de terapia são bastante relevantes para os serviços de odontologia e medicina. Além de reduzir a broncoaspiração, auxilia na diminuição dos casos de pneumonia. Foi um momento especial, ainda mais porque pôde ser feito de forma interdisciplinar, à beira leito, associado a tecnologias como via ultrassom. Além disso, as famílias dos pacientes trouxeram um feedback positivo, com os pacientes apresentando redução do fluxo salivar sem efeitos adversos”, explicou.
Além das toxinas, em 2024, o HGG passou a contar com uma plastificadora odontológica a vácuo, equipamento que confecciona protetores bucais para pacientes internados no CTI e NAAP. A partir do objeto produzido pela máquina, pacientes que, por conta do déficit neurológico ou pelo uso de sedação, estarão mais seguros contra algum reflexo de mordeduras, que podem provocar lesões graves na língua, mucosa oral e lábios. Os profissionais do serviço odontológico vão poder replicar a mordida dos pacientes , a partir de um molde, e confeccionar um protetor bucal individual para cada paciente adaptado a sua arcada dentária.
Odontologia na Unidade de Transplantes, Clínica, Médica e Clínica CirúrgicaNas demais áreas assistenciais do hospital, dentistas se revezam para atender os pacientes que, por ventura, necessitem de acompanhamento odontológico. Na Clínica Médica, os profissionais realizam visitam visitas aos leitos nos períodos matutino e vespertino e, se necessário, são feitas intervenções.
Na Clínica Cirúrgica, todos os pacientes são avaliados. Os que passarão por cirurgias na cabeça, pescoço e tórax, por exemplo, passam por atendimento odontológico onde são removidos todos os focos infecciosos da boca destes pacientes.
Os pacientes que fazem transplante de medula óssea (TMO) são acompanhados todos os dias a partir do dia da indução, até a chamada pega da medula, quando a medula volta a funcionar. Os dentistas realizam laser terapia preventiva, tanto para estímulo de glândulas salivares, como para prevenção de mucosite, lesões na boca que podem levar a uma incapacidade de dieta via oral a grandes infecções que podem ser fatais. Camila de Freitas afirma que este acompanhamento preventivo tem sido bem sucedido, já que não foram registrados casos de mucosite nos pacientes do TMO. “Os pacientes que passam pelo transplante de medula óssea precisam de uma atenção especial, porque a imunidade deles vai à zero. Nós os acompanhamos para que eles não desenvolvam infecções fúngicas e virais. Como a gente avalia todos os dias, a gente consegue identificar bem no início e já discutir com a equipe médica, para começar com a terapia adequada. Esses pacientes necessitam de uma higiene oral específica, por causa do alto risco de sangramento e de infecção. Além de acompanhá-los, nos também orientamos a equipe técnica sobre como realizar essa higiene oral nestes pacientes”, concluiu.
Fonte:
IDTECH